Sigam o Homem do Cântaro
“E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar” Lucas. 22:10.
O texto escrito acima narra um pequeno texto bíblico de uma missão que envolveria muita fé pelos discípulos. Aliás, apenas dois discípulos dos doze receberam esta missão, Pedro e João (Lucas 22:8).
A missão era complexa, eles tinham que preparar uma ceia em um lugar em que não sabiam, com recursos que não dispunham.
A ceia deveria ser em uma quantidade suficiente para treze pessoas, pois Jesus e os doze discípulos participariam deste banquete. O lugar não poderia ser público, pois Jesus havia se declarado Filho de Deus após sua entrada triunfal em Jerusalém, e os fariseus estavam destilando ódio e já orquestrava uma forma de assassiná-lo.
Além do mais, Judas já havia combinado como entregaria Jesus para seus inimigos (Lucas 22:4). Cristo, em sua presciência já sabia desta trama, portanto, a escolha do local da ceia devia ser secreta e nem todos discípulos poderiam saber dos detalhes do preparativo.
Se as informações do local da ceia chegassem aos ouvidos de Judas, provavelmente, este denunciaria aos líderes fariseus e publicanos acerca de sua localização, e isto prejudicaria a celebração da ceia.
Judas já havia recebido pagamento antecipado para entregar Jesus para os líderes religiosos (Mateus 26:14 – 16; Lucas 22:3 – 6). Não existe funcionário mais determinado em fazer seu trabalho quando ele está com o seu pagamento adiantado do que aquele que ainda fará o serviço por que ainda não chegou a receber.
A designação de Pedro e João para assumirem a tarefa da preparação da última ceia foi bastante justa, pois ambos já possuíam uma estreita relação com Cristo que os demais discípulos não gozavam.
Pedro e João testemunharam momentos importantes no ministério terreno de Jesus e nem todos os demais discípulos tiveram este privilégio. Eles estiveram na ocasião em que o Senhor levantou a filha de Jairo quando esta estava sob o poder da morte (Mateus 9:23 – 26; Marcos 5:37; Lucas 8:51). Eles estiveram presentes no monte da transfiguração quando viram Jesus revelado em glória conversando com Elias e Moisés, inclusive ouviram a voz de Deus ecoando pelo monte dizendo “Este é o meu filho amado; a ele ouvi” (Mateus 17:1 – 8; Marcos 9:2 – 10; Lucas 9:28 – 36). Eles estiveram presentes no Jardim do Getsêmani, onde eles acompanharam Jesus na oração (Mateus 26:36 – 38; Marcos 14:32 – 34).
Portanto, Pedro e João eram os discípulos mais chegados a Cristo, e Jesus conhecia seus corações e sabia que poderia contar com eles, mesmo sendo homens limitados e frágeis.
Por outro lado, os discípulos do Senhor também detinham confiança nas palavras do mestre. Se eles receberam a determinação de que deveriam seguir um homem com um cântaro de água pelas ruas de Jerusalém sem saber quem é e para onde iria, por mais estranha que fosse esta figura aos seus olhos, eles tinham a certeza que Jesus sabia o que estava fazendo.
Provavelmente, Pedro e João, apesar de a bíblia não mencionar seus nomes, foram os mesmos discípulos que foram buscar o jumentinho emprestado em uma aldeia próximo a Betfagé (Mateus 21:1 – 9; Marcos 11:1 – 4). Se de fato foram eles, está explicado a mesma confiança colocada nas palavras de Jesus para seguir um homem que anda com um cântaro com água na rua. Isto, por que quando os discípulos receberam a comissão de buscar o jumentinho, a ordem foi dada sem que os discípulos conhecessem a casa e o dono do animal.
Os discípulos foram orientados a chegar no local designado. Após chegarem ali, deveriam desamarrar o animal e levar à Cristo. Se alguém flagrasse os dois discípulos desamarrando o animal para subtraí-lo, era para eles simplesmente justificarem alegando que o mestre precisava dele.
Achou a atitude absurda?
Hoje, seria mais desafiador ainda cumprir uma ordem como esta, tendo em vista que a violência humana está cada vez mais pior. Os homicídios hoje acontecem de forma banal. Qualquer motivo é suficiente para lixamentos, e sem dúvida seria muito mais perigoso cumprir uma missão como esta hoje em dia do que no passado, mas tudo indica que o dono do jumentinho já sabia que alguém viria pegar o animal.
Se você achou a atitude dos discípulos corajosa, imagine seguir uma pessoa que não conhece, entrar na casa dele e ainda perguntar onde vai ser a janta?
Nas duas situações, os discípulos estavam seguindo ordens de Cristo, apesar de não entenderem o seu propósito.
Eles não sabiam onde era a casa do proprietário do jumento, mas acreditavam que encontrariam o jumento pelo caminho.
Eles não sabiam qual seria a reação do dono se flagrassem os discípulos soltando o animal, mas tinham a resposta na ponta da língua caso fossem pegos no ato: O mestre precisa dele!
Da mesma forma, os discípulos não sabiam aonde seria a ceia, não sabiam onde seria preparada, bem como não conheciam o homem que deveriam seguir, mas estavam seguindo ordens de Cristo: Sigam o homem com o cântaro de água!
Nas duas situações, os discípulos foram obedientes a Cristo, pois foram fiéis em seus papéis.
O mais interessante das duas situações é a pontualidade de Cristo. Jesus deu uma ordem, e a ordem era localizar o jumentinho. A palavra de Cristo foi tão cirúrgica que, quando os discípulos procuraram pelo jumento, o encontraram na mesma forma que Cristo havia predito.
Se a palavra de Cristo não fosse tão pontual, quando os discípulos procurassem pelo jumento, talvez seu dono já tivesse recolhido o animal para o cocheiro. Se a palavra de Cristo não fosse tão pontual, talvez os discípulos não encontrariam o misterioso homem do cântaro com água, pois este já haveria de ter passado, nem teriam localizado o salão onde seria preparado a ceia.
Todas essas coisas aconteceram no final da vida de Cristo. Jesus caminhava para a sua morte, estava passando por uma crise profunda, pois sabia que entrentaria o mais terrível inimigo: A morte. No entanto, a beleza como o evangelho é exposto nos mostra que Deus estava no controle de tudo.
Deus já havia determinado um jumentinho para o seu filho entrar na cidade de Jerusalém como o Messias proclamado.
Deus já havia providenciado um salão de festa todo mobiliado para que seu filho comesse a última ceia.
O momento era de crise, mas Deus estava nos detalhes.
Talvez você não viu os detalhes, mas Deus está cuidando de tudo pra você.
Jesimiel Costa
Enviado por Jesimiel Costa em 23/10/2024